segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Compor poemas



Dia desses me sentei à mesa
à procura de inspiração
queria escrever um poema
que exaltasse essa insana paixão

Percebi uma ausência no peito
um sentimento de "não há ninguém"
um sentimento de "ninguém mais veio"
mas me conforta
isso me convém

Pensei que fosse mais difícil
escrever sobre o coração
mas quando ele anda assim contido
palavras soam como um trovão

Nada que escrevo diz o que eu sinto
não ao menos como eles são
não que eu sinta algo tão difícil
que não caibam em uma canção

Mas me aflora esse palpitar
quando escrever um poema supus
e alimenta a alma o desdenhar
quando um poema então já compus.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Afinal...

        O que me tranquiliza é saber que um dia tudo isso vai passar. E é bom saber que não haverá culpados. Ninguém no banco de acusados. Ninguém há de estar lá.
        Talvez estejamos todos sentados nas cadeiras de um teatro qualquer, de uma cidade qualquer, num dia de semana qualquer, contando uma história ainda mais qualquer. Essa história que conhecemos personagens, cenário, hora, data e local.
         Mas me acalma essa palpitação constante (deixou de ser efêmera em seu último aniversário), essa secura na boca, esses pensamentos irrelevantes, saber que logo em breve libertar-me-ei deste caos em mudança constante, desta montanha russa sem trilhos adiante. Não há trilhos ali, nem redes de segurança ou placas de alerta dizendo "Pare! Você vai se machucar". Não há ninguém do lado de lá.
        Eu quero mais que pequenos momentos felizes. Quero felicidade nas pequenas coisas. Quero a imensidão de um abraço. Quero um beijo sincero e uma história de amor que supere todas as outras que já ouvi falar. Quero um poema feito só pra mim, mas se for um versinho me basta. Quero me perder no espaço e tempo de um olhar que diz mais que a fala. Quero fugir sem ter quando voltar. Quero voltar sempre que fugir, e que seja antes de bater a saudade, a sede ou a fome. Não necessariamente nessa mesma ordem. Quero cantar no banho. Quero dançar na chuva. Quero o Universo sempre em cada rua.
         E que um dia, quando me perguntares "E aí?! Ainda apaixonado?", eu possa lhe responder "Não, eu estou bem" ou "Sim, mas estou bem mesmo assim". Eu já quis me apaixonar loucamente. Mas antes de enlouquecer, desisti. Já quis colecionar amores, mas desisti desse plano também. O que importa o número de amores que você tem se nenhum deles te deu o Universo? 
         Sinto muito em ter que dizer, mas o Universo que procuras, vive  dentro do seu imaginário. Mas simplesmente está preso... preso do lado de fora de um abraço. Sendo assim... é chegado o momento de me despedir. Afinal, a vida me chama e eu simplesmente não sei dizer não. Guarde esse lugar pra mim, pois sei que voltarei cansado. Vou ali viver... e... dia desses eu volto e te conto a mais bela história que o amor já inspirou. Talvez você se pergunte se é fantasia, se é verdade ou meia ilusão... o que posso te garantir, é que nessa história serei diretor, ator e vilão. Início, meio e fim. Serei platéia, orquestra e canção!

 

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Coisas ridículas...

        Cantemos a glória do amanhecer. De ver o sol raiar e os demônios serem expurgados como filhotes de gatinhos que à primeira vista parecem tão mansos. Sei que ao anoitecer voltarão como imensos felinos à espreita da caça que alí espera. Mas é melhor aproveitar enquanto ainda podes respirar. Vá ao mercado, arrume seu quarto, escreva uma carta (mas pense muito bem antes de mandar), irrite alguém e seja capaz de fazê-la sorrir logo em seguida, diga verdades sem ferir, tome banho de rio, abrace seu amigo, veja o mesmo filme quantas vezes quiser, cante enquanto toma banho, ouça a mesma música até enjoar, escreva coisas ridículas, faça coisas ridículas, mas não seja ridículo... pelo menos, não o tempo todo. Grite sempre que tiver coragem.
        Quando cair o entardecer, tome uma xícara de leite, veja TV, leia um livro que fale de amor, mas tem que ser um amor de verdade, como o de Romeu e Julieta. Mas não leia Romeu e Julieta, a história é trágica demais e pode acabar adiantando o processo do fatídico anoitecer.
        Quando perceber que a noite chegou... aí sim, você pode ler Romeu e Julieta. Tome um banho, mas nem tente cantar, o canto desse banho é revestido em lágrimas. Tente manter sua mente sã... porque logo em breve esses demônios chegarão... para te arrancar o sono, te torturar com esses pensamentos tais, te confundir a mente. Não acho que seja burrice esperar por aquele que te espreita... já que esse que te espreita já mora dentro de ti... fez morada bem no meio do seu coração.. mas costuma invadir sua mente de tempos em tempos... só pra mostrar quem é o dono de quem.

domingo, 21 de novembro de 2010

Ah!... Esses dias...

Há os dias de alegria plena
Em que nos basta sermos nós mesmos
E não importa os atores que estão em cena

Há os dias de solidão pura
Que nos arrebata a alma para longe de si
E não importa no meio de quantas pessoas você se afigura

Há os dias de vazio total
A alma está além, o corpo acolá
Coração e mente nem se sabe... esquecidos no varal

Há os dias de sossego humilde
Qualquer migalha de sorriso te basta
E qualquer basta de sorriso te migalha também

Há os dias de euforia explosiva
Qualquer um que ouse se aproximar
Contagia-se e sai a repassar essa coisa boa que cativa

E há esses dias tais, fatídicos eu diria
Em que a lágrima é sua única companhia
E quando você a convoca, é só este imenso vazio que fica.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

As palavras que definem o que sentimos geralmente não são nossas...

"Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar."

(Clarisse Lispector)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Bicho papão... vai te catar!


        ...aí vc acorda!... Nossa! Os dias que se passaram foram realmente um pesadelo! Mas sempre tem o dia do despertar... quando você olha pela janela e vê que as andorinhas ainda estão por alí...  você até sente vontade de comer alguma coisa, de colocar seu rosto na brisa, de escrever uma carta (que provavelmente você não irá mandar), de ler um desses livros bobos que falam dessas coisas bobas, como o amor.
        Aí vc se senta no sofá, e dá um longo suspiro de... alívio. Parece que o bicho papão que morava em baixo da sua cama resolveu se mudar pra Sibéria, e por recompensa pelos dias de aflição e noites mal dormidas, te deixou flores na cabeceira que perfumam não só seu quarto, mas todos os lugares por onde você passa. 
        Como é boa essa paz que te arrebata e te permite pensar racionalmente outra vez. Que te resgata à realidade sem te ferir. Que te dá pouco, te pede muito, e mesmo assim você se sente feliz. É bom sentir o coração bater sem saltitar, é bom respirar sem ofegar, é bom caminhar sem pressa e se deixar levar pela bela vista que te cerca. É bom possuir novamente o poder de traçar seu caminho, e mudar de caminho quando então lhe convier. 
         Há tantos lugares a conhecer, músicas a dançar, saltos a quebrar, camas a deitar... há tantos tantos... é tudo tão imenso e possível ao mesmo tempo. E pela primeira vez isso não me soa como incoerência, mas como indivisível. Duas partes de um corpo uno. Dois corpos num mesmo espaço. Quem disse que a física tem que concordar comigo?!... não falo de física! Falo de química, história, literatura, filosofia talvez... Pouco importa essa balela de "caia na real". Eu crio o meu mundo real todos os dias. E se posso optar por me mudar pra Sibéria ou permanecer comigo e sã, em mim... Acho que, por enquanto, prefiro escolher à mim!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Entre o sentimento e a fala

        Parei para refletir sobre todas essas coisas que as pessoas fazem, ou deixam de fazer, simplesmente para que consigam passar despercebidos aos olhos dos outros, ou ao menos para ocultarem aquilo que realmente sentem ou pensam. Engraçado... na época das cavernas os primatas faziam uma força danada para conseguirem ser entendidos, para que o que pensavam fizesse sentido para aquele outro que o assistia. Hoje, que possuímos o domínio da fala, da escrita... não podemos simplesmente falar ou escrever. Dizer o que incomoda, o que está errado, o que o está ferindo. Há pessoas que acham que todos somos poderosos médiuns, que conseguem ler mentes... e descobrir o que o outro quer ouvir... o que o outro quer fazer... o que o outro quer.
        Uma pena não termos esse poder... ao menos para essas situações, onde o que você mais queria era poder entrar na mente daquela pessoa e descobrir o que espera de você... não que você viesse a ser ou fazer exatamente o que se espera... na verdade, é bem provável que o outro espere muito mais do que aquilo que você pode dar, mas saber o que se espera ajudaria a fazermos o melhor que pudéssemos. E isso já seria de grande valia!
          Há pessoas que se aproveitam desse abismo que se instalou entre o sentimento e a fala... e se tornam, por opção ou não, verdadeiros enigmas. E se sentem bem assim. Mas essas pessoas esquecem de enfrentar o maior inimigo que elas podem ter. O olhar, diferente do que pensam muitos, não é o "espelho da alma". O olhar é a alma pura e nua! E é seu inimigo maior simplesmente porque ele sempre te trai! Quando queremos descobrir o que o outro pensa, precisamos mergulhar naquele olhar. É lá que estão as respostas! Pois se escondemos alguma coisa, é porque ela é tão óbvia que precisa ser oculta de alguma forma, para que não sejamos ridículos, uma vez que um dos maiores medos das pessoas é de serem ridículas. Já eu, penso que somos todos ridículos por agirmos desse jeito! E é engraçado como mesmo assim não consigo agir de outra forma.

     

sábado, 6 de novembro de 2010

Esse meu plano mirabolante...


        Há momentos em que é quando fechamos os olhos que conseguimos enxergar melhor. Nos perdemos na imensidão de milímetros de escuridão, e nos percebemos com a melhor visão que qualquer animal de rapina pode sonhar em ter! É quando olhamos pra dentro, com atenção, que conseguimos entender melhor tudo aquilo que nos cerca. Toda atitude, falta de atitude, maneira de pensar... ou de ignorar. Assim que as coisas são... aquilo que há dentro de você, na verdade, transborda e inunda aqueles que nos cercam com um pouquinho do que somos. E você terá do outro algo muito próximo daquilo que você oferece a ele. Se você tem coisas boas a oferecer, terá coisas boas a receber. Da mesma forma o oposto disso. Contudo, pode parecer paradoxo meu, mas na verdade é somente um complemento... não me incomodo com muitas das coisa que eu deveria me incomodar... porque essas "coisas" simplesmente não chegam nem mesmo a me tocar... quanto mais tornarem-se parte de mim a ponto de me fazer querer abortar meu mirabolante plano de tentar ser feliz.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Todo mundo tem direito a sonhar!


         Vamos supor que as coisas realmente estejam erradas. Que esteja tudo fora do lugar e que por mais que você tente arrumá-las e fazê-las brilhar, as coisas se misturam e se bagunçam e se embaralham e ficam cada vez mais feias. E digamos que essas coisas das quais falamos estão dentro de você, são exatamente aquelas coisas que compõem o que você é. E tudo que você quer é encontrar um lugar pra descansar em paz.
         Na verdade esse lugar existe dentro de você, só que há momentos em que nos perdemos dele... porque traçamos caminhos tão tortuosos e complexos que simplesmente... não sabemos o caminho de volta. Mas se você se esforçar um pouquinho, você volta... porque aquele lugar sempre esteve lá... ele é você... ou o melhor que há de você... seu lado mais puro e sincero, sua face mais bela.
        E não se sinta envergonhado de querer entrar nesse lugar e se esquecer por lá... se jogar naquele sofá velho cheio de poeira... poeira do que você deixou pra trás. Cheio de fotos antigas... de pessoas que você amou e que nem lembra mais. O lugar tem um cheiro bom... o cheiro é aquele que você sempre sentia quando sua mãe lhe cantava uma canção pra dormir. Eu sei que canções não têm cheiro... mas essa tinha sim!
         Se perdoe uma vez na vida por todos os erros que já cometeu e perdoe todos aqueles que erraram contigo... depois se jogue em qualquer lugar da casa e descanse em paz... E tenha a certeza de que você irá dormir com os anjos! Pois nesse lugar, os demônios não entram e, sendo assim, sua mente não terá problemas em se desligar dessas coisas feias e sujas que geralmente a habitam. E não venha me recriminar por achar que as coisas são tão fáceis assim. Ora, por favor... todo mundo tem direito a sonhar!...
     

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Você, Monstros e Borboletas...

        Há dias em que parece que temos um nó no meio da garganta, borboletas no estômago, uma vontade louca de fazer não sei o quê, ou de comer uma coisa diferente... que vc ainda não sabe qual. Sabe esses dias que você simplesmente abre a geladeira pra pensar? Ou que vc deita na cama sem ter sono... só pra se sentir acolhido... ou que você vai tomar banho só pra poder chorar em paz...?! Sabe esses dias que você não sabe de nada... nem de você?! Sinto dizer... você não é o único! 
        Às vezes nos deparamos com conflitos que, do nada, se instalam dentro de nós e não sabemos o que fazer! Procuramos nos agarrar a todo e qualquer artifício que nos permita nos afastar do problema, fazer diminuir sua importância, ou pelo menos nos permitir conviver com ele... mas te pergunto: Como se afastar daquilo que está dentro de você? Este algo que simplesmente compôs sua morada bem no meio daquilo que um dia você chamou de sanidade?
        Nós, seres humanos, com nossos dias bons e outros não tão bons assim, precisamos aprender a lidar com esses conflitos que surgem. E não adianta fazer compras ou comer uma caixa de deliciosos bombons... nem aqueles suíços darão jeito! Isso posso te garantir! Você precisa simplesmente olhar este monstro nos olhos e perguntar... "o que você quer de mim?". Você precisa pensar muito, elaborar, se confundir, se perder e se encontrar diversas vezes. Precisa encarar-se com toda a força e coragem que você tem, e muitas vezes nem sabe que tem. Precisa expulsar  esses monstros que deixam turva a sua visão e confundem a sua mente. 
        Quando você conseguir essa proeza, por favor, me mande um recado, sinal de fumaça, mensagem telepática... mas por favor, me diga como fazer!