segunda-feira, 25 de março de 2013

Desatinos e desamores

E aquele foi o fim. A história começou pelo desfecho. Rompeu-se o lugar então criado só para eles. Já não mais se encontravam lá.

Os olhares já não se liam. E talvez se esperasse muito e se desesperasse mais ainda. Mas quem irá culpar os corações apaixonados de iludirem-se? Ilusão é uma premissa.


E já não eram um. Eram dois. Nem opostos nem semelhantes. Diferentes. Eram a perda, um do outro. O passado. Idealizado. E só.


É quando o amor deixa de sê-lo e a saudade lhe vem preencher o lugar. Não era amor. Era vontade de amar. 



quarta-feira, 20 de março de 2013

Cicatrizes


Onde o céu já não era tão azul e as flores já desabrochavam cinza, prontas para o fim de seu próprio velório. Não havia tristeza naquele lugar. Não havia alegria, tampouco. Havia, talvez, um gole de terra, uma gota de ar e um punhado de mar.

A canção que tocava não vinha do peito. O caminho que traçava, não vinha de lugar algum. Era, simplesmente, aleatório. E aleatoriamente andava em círculos, ao redor de seu próprio mundo há muito esquecido. Fazia o caminho por fazer... o refazia somente por instinto.

Seus trajes eram os mais belos e finos maltrapilhos, seu perfume tinha o mais caro aroma da dor, carregava nos ombros um peso que não sabia se vinha de perto ou de longe, mas se fazia presença constante. O olhar estampava uma lágrima. Mas pelo tempo que ficou por lá, creio que acostumara-se ali, ambientou-se e se fez residência.

Sua pele carregava as cicatrizes mais profundas. Algumas saradas, outras deixadas de lado. Seus pés, castigados. Seu andar, esquecido. Seu olhar, cansado, lento, perdido.

Vira-se como um objeto desnecessário. Sentindo mentiras, contanto verdades que não devem ser ditas e guardando brinquedos que já não mais serviam. Tornara-se uma catadora de cacos. E havia muitos, estavam por todos os lados. 

Decidira partir (ou ficar, depende muito do ponto de vista). Resolvera mergulhar para dentro de si. E nunca mais voltou.