Era somente uma vontade profunda de curar-lhe os males. Tirar-lhe da alma as tristezas, do coração, as lágrimas e do corpo, as dores da vida. Era vontade de bater em quem ousasse lhe fazer sofrer. Extirpar os traumas, todos eles.
Era somente para comprar a briga. Entrar de peito aberto e coração firme. Punhos fechados e mente fresca. Desejava amenizar as dores. Ou até mesmo pegá-las para si. E arrancar um sorriso sincero e uma lágrima de alívio.
E era tanto amor, e a vontade de se cuidar era tão imensa que doía cada polegada de alma. Era só vontade de fazer feliz. De curar... era só vontade de ser Deus... quem pode recriminar?
Escondido em palavras
sábado, 20 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Esquecimentos
Como farei pra te esquecer, se lembro de cada palavra dita, de cada carta não lida, de cada conversa não tida, cada desencontro, cada encontro (de mãos, de olhos, ou de línguas).
Como, então, não te esquecer? Não esquecer do dia em que não acordamos juntos, que não estavas ao lado, que disse que ficaria e partira para longe. Sumira, quando deveria estar no alcance das mãos, o afago.
Há tantos que posso vir a amar. Como farei pra te lembrar?
Como, então, não te esquecer? Não esquecer do dia em que não acordamos juntos, que não estavas ao lado, que disse que ficaria e partira para longe. Sumira, quando deveria estar no alcance das mãos, o afago.
Há tantos que posso vir a amar. Como farei pra te lembrar?
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Raízes
segunda-feira, 25 de março de 2013
Desatinos e desamores
E aquele foi o fim. A história começou pelo desfecho. Rompeu-se o lugar então criado só para eles. Já não mais se encontravam lá.
Os olhares já não se liam. E talvez se esperasse muito e se desesperasse mais ainda. Mas quem irá culpar os corações apaixonados de iludirem-se? Ilusão é uma premissa.
E já não eram um. Eram dois. Nem opostos nem semelhantes. Diferentes. Eram a perda, um do outro. O passado. Idealizado. E só.
É quando o amor deixa de sê-lo e a saudade lhe vem preencher o lugar. Não era amor. Era vontade de amar.
quarta-feira, 20 de março de 2013
Cicatrizes
Onde o céu já não era tão azul e as flores já desabrochavam cinza, prontas para
o fim de seu próprio velório. Não havia tristeza naquele lugar. Não havia
alegria, tampouco. Havia, talvez, um gole de terra, uma gota de ar e um punhado
de mar.
A canção que tocava não vinha do peito. O caminho que
traçava, não vinha de lugar algum. Era, simplesmente, aleatório. E
aleatoriamente andava em círculos, ao redor de seu próprio mundo há muito
esquecido. Fazia o caminho por fazer... o refazia somente por instinto.
Seus trajes eram os mais belos e finos maltrapilhos, seu
perfume tinha o mais caro aroma da dor, carregava nos ombros um peso que não sabia se vinha de perto ou de longe, mas se fazia presença constante. O olhar estampava uma lágrima. Mas pelo tempo que
ficou por lá, creio que acostumara-se ali, ambientou-se e se fez residência.
Sua pele carregava as cicatrizes mais profundas. Algumas
saradas, outras deixadas de lado. Seus pés, castigados. Seu andar, esquecido.
Seu olhar, cansado, lento, perdido.
Vira-se como um objeto desnecessário. Sentindo mentiras,
contanto verdades que não devem ser ditas e guardando brinquedos que já não
mais serviam. Tornara-se uma catadora de cacos. E havia muitos, estavam por todos
os lados.
Decidira partir (ou ficar, depende muito do ponto de vista).
Resolvera mergulhar para dentro de si. E nunca mais voltou.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Sagrado
Pedra preciosa, lugar nunca habitado
Como se teu corpo fosse, hoje
O segredo do fogo ao primata intocado
Algo sagrado, secreto, encantado
És como a cidade das luzes
Ou como o barroco dourado
És belamente grandioso
És fascínio, encanto, paz em forma de sopro
Notas musicais de New Orleans
Braços abertos do meu redentor
És esfinge, estátua, arcos do libertador
És o cheiro de chuva molhando
És a fagulha que acende o amor
És minha terra prometida que vem
És minha morada, minha fornalha
Minha Jerusalém
Como se teu corpo fosse, hoje
O segredo do fogo ao primata intocado
Algo sagrado, secreto, encantado
És como a cidade das luzes
Ou como o barroco dourado
És belamente grandioso
És fascínio, encanto, paz em forma de sopro
Notas musicais de New Orleans
Braços abertos do meu redentor
És esfinge, estátua, arcos do libertador
És o cheiro de chuva molhando
És a fagulha que acende o amor
És minha terra prometida que vem
És minha morada, minha fornalha
Minha Jerusalém
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Poesias
É fácil passar batido por entre ruas e avenidas sem nem ao
menos olhar pro lado. Sem desejar uma presença que te faça sentir seguro. Sem
pensar no hoje, nem no futuro. É fácil ser automático, apressado, desfocado.
Quero ver ser poeta! Poeta de cidades cinzas. De sentimentos
pobres e cantar sem melodia. Quero ver sobreviver com graça entre os infinitos
arranha-céus ao longo dessa estrada. E lembrar-se da música preferida, e dançar
sem vergonha e sem preguiça.
Quero ver brotar poesia do caminhar das pessoas à beira das
vias. E que borbulhem prosas e versos das gélidas paredes cinzas, e da escuridão
dos viadutos, das esquinas, das mercearias. Que não seja doloroso, ato infame
de se desejar o belo. Que não seja desesperado, infame dobrado de desejar o
singelo.
E que em um suspiro agonizante, possa arrancar das brechas
das portas, de todas as portas, das brechas, das fendas, dos buracos e frestas,
de toda e qualquer ideia que tenha por bem expandir-se na dor. Que se arranque
a última gota de poesia. Que faça brotar a primeira gota de amor.
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