sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Poesias

É fácil passar batido por entre ruas e avenidas sem nem ao menos olhar pro lado. Sem desejar uma presença que te faça sentir seguro. Sem pensar no hoje, nem no futuro. É fácil ser automático, apressado, desfocado.

Quero ver ser poeta! Poeta de cidades cinzas. De sentimentos pobres e cantar sem melodia. Quero ver sobreviver com graça entre os infinitos arranha-céus ao longo dessa estrada. E lembrar-se da música preferida, e dançar sem vergonha e sem preguiça.

Quero ver brotar poesia do caminhar das pessoas à beira das vias. E que borbulhem prosas e versos das gélidas paredes cinzas, e da escuridão dos viadutos, das esquinas, das mercearias. Que não seja doloroso, ato infame de se desejar o belo. Que não seja desesperado, infame dobrado de desejar o singelo.

E que em um suspiro agonizante, possa arrancar das brechas das portas, de todas as portas, das brechas, das fendas, dos buracos e frestas, de toda e qualquer ideia que tenha por bem expandir-se na dor. Que se arranque a última gota de poesia. Que faça brotar a primeira gota de amor.