segunda-feira, 28 de março de 2011

Seu sonho meu

        Creio hoje ter aprendido a lição mais importante dessa vida. Aprendi a sonhar de verdade. Sonhar sem ter piedade de mim ou subestimar minha força. Aprendi que sempre que delimito o caminho que vou trilhar, trilho rumos diversos... e sempre chego além.
        A todos que me ensinaram isso, deixo essa carta de gratidão! Pura e singela gratidão! Sentimento mais raro e extraído do mais profundo poço escavado nesse pequeno coração. Quando cremos que as aparências enganam, nos enganamos conosco também. Nunca sabemos a força que nossa vontade tem. Porque o hoje, é agora, e não depois ou amanhã. É o palpitar, é esbarrar sem querer naquele que é o seu amado, é o beijo roubado, é o piscar que alivia lágrimas de olhos cansados.
        As lágrimas que vi brotar e correr, serviram de matéria prima para o cimento mais forte que já vi qualquer pessoa fazer. Nesse sonho de contos de fadas, com direito a bruxas e vilões, como de praxe, a princesa venceu, e em seu castelo viu-se fazer a festa mais linda que todo o reino algum dia seria capaz de ver.


        Eu não era a princesa, nem a fada dos contos, mas era parte da corte que servia. E saí com o peito em festa!! Com o coração em brasa!! Com a alma um pouco mais rica... de sonhos! Aprendi que posso sonhar sonhos de verdade. Chorar lágrimas sem dor. Viver sonhos que não são meus e trazê-los para perto, torná-los meus por aquisição. Aprendi que, para sonhar, preciso não só da vontade, mas de quem possa chegar bem perto e dizer: vamos lá, agora esse sonho também é meu!!


“Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário ter pessoas para transformar seu sonho em realidade..." 

Walt Disney

sexta-feira, 11 de março de 2011

Minha fuga de mim

        Sim, eu fugi. Fugi de você, pra te deixar partir. Fugi do teu abraço, do teu olhar, dessa tua presença que se faz presente mesmo quando não estás. Passei horas sem piscar, sem pensar. Dias sem dormir. Noites sem sonhar. Dormir pra quê? A madrugada me abraça como uma mãe aos seus filhos que choram a perda de seu brinquedo preferido.
        Corri, naveguei, fui levada pr’onde nem sabia. E tomei carona para mais além.
        Lá, havia um penhasco. Escalei.
        No topo, havia uma cabana. Entrei.
        Dentro, havia uma cama. Deitei.
        A ingenuidade do homem se faz presente diante de sua impressão de auto-suficiência.
        Tentei descansar e fechei os olhos.  E lá estava você.  Olhos de águia, corpo de homem, rosto de anjo decaído dos céus, lábios de beijo, de dor, de desejo, de fel.
        Para que tanta fuga?  Fugi de você, e estavas aqui por todo o tempo.  Estavas do lado de dentro. Ou te arranco de dentro de mim e expurgo esses tantos tormentos, ou me fujo de mim, me finjo não ser e me mato aos poucos... me auto enveneno. 


quinta-feira, 10 de março de 2011

Do lado de lá

        Só o que não quero é ter a dúvida do "se". Não quero viver na incerteza de querer saber como seria... como foi aquilo que não vivi. Quero uma história escrita por mim, e pretendo ser a protagonista. Num roteiro feito por mim, um musical embalado por minhas próprias melodias... quero cantar minhas letras e quero poder desafinar sempre que for possível ou inevitável.

        Quero uma chuva rala no fim da tarde... e vou dançar na chuva sempre que ela resolver chover. Quero chorar ouvindo uma história de amor, quero viver uma história de amor de verdade, quero contar uma história de amor que eu tenha vivido e que todos acreditem... ela foi de verdade.

        A partir de agora eu tomo as rédeas... eu trilho os rumos, eu rumo o caminho, eu comigo, e quem mais quiser seguir esse caminho. Mas todos terão que dançar na chuva quando ela resolver chover. Isso é regra sem exceção! Será como uma festa para o sol tornar a brilhar... uma festa para receber seu fervilhar... Dançar, chover, chorar e sorrir quando o sol voltar! 

        E vamos caminhar... de tanto não desistir quando cansar, dia desses a gente chega Lá. Lá do lado de lá, do outro lado do arco-íris e vamos pegar nosso pote de ouro!! Por isso precisamos do sol e da chuva, mesmo com todo seu pesar... pois sem ambos perderemos nosso prêmio... o melhor de tudo que há. Então ande! Venha depressa... tem um duende esperando por nós e é melhor a gente não se atrasar. 

        O melhor é viver onde o sol possa sempre nos agraciar... e sempre vencer a chuva desse fim de tarde que às vezes parece eterno em seus longos e dolorosos minutos. Acho que podemos caminhar pra Lá. Me dê a mão, eu te mostro o caminho, e se por acaso a gente se perder, a gente pode se achar!


quarta-feira, 2 de março de 2011

Tarde demais

        Ela está superando você, e  não há nada que possa fazer para evitar esse rumo que ela decidiu tomar. Ela sabe que no final, as lágrimas serão as suas, pois as dela foram deixadas pelo caminho, e não se iluda, o caminho foi longo e ainda tem muito a seguir. E ela vai seguir sem você.
        É uma pena! Você deixou escapar a maior história de amor que um dia seria capaz de viver. Deixou ela partir sem nem ao menos ter desfeito as malas. Ela partiu assim como ela chegou... malas prontas e o dinheiro a conta da passagem de volta. Não deixou nada, nem levou nada consigo. Talvez alguns arranhões e algumas cicatrizes, mas nada que o tempo seja incapaz de amenizar a dor. Elas costumam doer mais nos dias de chuva, então, que bom que aqui faz bastante sol. Apesar da chuva às vezes lhe invadir a alma e se instalar em seu corpo como gripe forte. Mas isso não mais acontece! Ela está secando por dentro... e logo não restará mais nem uma gota de você. Sinto muito.


        Seu ego é tão pequeno quanto é capaz de ser, mas é tão delicado quanto pode ser uma flor que acaba de ser cortada. Não pense que ela está feliz com isso tudo. Ela é a que mais sofreu. A vi chorar poucas vezes, mas sei que por dentro, estava se afogando em lágrimas. Concordo com ela, é melhor você ficar exatamente onde está. Ela vai seguir... para qualquer caminho que seja... onde o sol sempre se ponha no fim da tarde e nos agracie pela manhã. Por algum tempo ela viveu num lugar onde o sol não nascia. E ela sempre estava na janela, à espera. Resolveu buscá-lo por si só.
         Quando perceberes que ela já está longe, não corra nem grite seu nome. Ela não vai voltar. Não vai ser tarde demais... pois o tarde demais já é agora.