sexta-feira, 11 de março de 2011

Minha fuga de mim

        Sim, eu fugi. Fugi de você, pra te deixar partir. Fugi do teu abraço, do teu olhar, dessa tua presença que se faz presente mesmo quando não estás. Passei horas sem piscar, sem pensar. Dias sem dormir. Noites sem sonhar. Dormir pra quê? A madrugada me abraça como uma mãe aos seus filhos que choram a perda de seu brinquedo preferido.
        Corri, naveguei, fui levada pr’onde nem sabia. E tomei carona para mais além.
        Lá, havia um penhasco. Escalei.
        No topo, havia uma cabana. Entrei.
        Dentro, havia uma cama. Deitei.
        A ingenuidade do homem se faz presente diante de sua impressão de auto-suficiência.
        Tentei descansar e fechei os olhos.  E lá estava você.  Olhos de águia, corpo de homem, rosto de anjo decaído dos céus, lábios de beijo, de dor, de desejo, de fel.
        Para que tanta fuga?  Fugi de você, e estavas aqui por todo o tempo.  Estavas do lado de dentro. Ou te arranco de dentro de mim e expurgo esses tantos tormentos, ou me fujo de mim, me finjo não ser e me mato aos poucos... me auto enveneno. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário