segunda-feira, 16 de abril de 2012

Afago

Traz teu pranto e tuas dores que não saram
Descansa em meu peito e busca o afago
Encontra carícia que os nós desamarram
Sob meus dedos e olhos cansados

Despeja esse sopro de dor que te aflige
Repousa no ombro do sono sublime
Repousa teu canto de dor que tu vives
E deixa esvair esses tantos deslizes

Encontra no colo de quem te afaga
Os melhores remédios aos males da alma
Poções milagrosas às dores do peito
Um corte certeiro na corda que o amarra

De toda lonjura que agora me vejo
Desperta faceiro na chama em estaca
Um rebobinar em meu peito arteiro
Um sonho confuso e uma nova estrada

sábado, 14 de abril de 2012

Despedidas

        A dor da perda daquele que não se foi e a angústia latente do medo de se perderem. Sentimento Recíproco e congruente. E o que lhes faz sofrer é a vontade, o aperto no peito que dá ao dormir, a presença do outro e sua ausência tão real. Consegue ser mais real que a presença que se figura.
        As despedidas são despedidas reais. São doídas. Despedem-se o tempo todo. A cada olhar desviado, a cada pensamento extirpado, a cada abraço evitado.
        Não se completavam e nem ao menos eram opostos que se atraíam. Eram mais. Transbordavam-se. E era esse transbordar que sentiam dolorosamente se esvair aos poucos. A cada dia que não se eram.

Poeta

Sou poeta de meias verdades
Poeta de muitas mentiras
Poeta de poucas palavras 
E de alto cantar sem cantiga

Sou poeta de canto calado
Ou La Traviata contida
Sou parte, sou clave e sou ato
Sou pranto, e também calmaria

Fervilho um sentir sem cuidado
E paixões que me fazem menina
Espanto meu pensamento extirpado
Finjo curar as profundas feridas