segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Manual de mim

Sinto frio à noite e bem no início da manhã. Então fique por perto sempre que o sol não estiver à pino. Canto fora do tom e tomo banho quente, mesmo no calor. Compro ingressos e não vou, falo coisas e esqueço, perco coisas, esqueço pessoas, perco pessoas também. Algumas sem querer, outras porque tem que ser.

Tenho aparelhos e não sei mexer, sonho coisas e não sei por quê, derrubo tudo (o tempo todo), caio, tropeço, me levanto rindo de mim. Não entendo o que escrevi, esqueço compromissos, esqueço brincos, esqueço tudo. Quero espaço quando se sentam ao meu lado. Chamo para perto quando me sinto só.

Quero fazer carinho e não faço. Quero gritar e não grito. Quero falar e só consigo rir. Ou chorar. Calo-me sempre que possível. Gosto do silêncio! Daquele que vem de dentro pra fora ou do que vem de fora pra dentro. Gosto de cães, tartarugas e coalas. Tenho medo do mar, tenho medo do fim, e tenho medo de pessoas, sobretudo as que gostam muito de mim.

Sorrio quando quero chorar. Choro de rir algumas vezes. Amo um pouco a cada pessoa que me vem. Apaixono-me facilmente. Apaixono-me por pessoas, amigos, coisas, cheiros, gestos. Amo mãos, nuca e sorrisos. Odeio a poucos ou quase ninguém.

Sou complexo, vulnerável, atento aos gestos e esquecido. Sinto dores que não são minhas, vivo alegrias que não são minhas também. Não gosto de melodramas. Mas faço às vezes. Choro com filmes, com histórias e propagandas. Sou muito calmo e irrito-me pouco. Mas irrito-me profundamente com algumas poucas coisas. Sou brisa, sou mar e sou quente. Depende de quem és e como te apresentas a mim. Só peço que chegues bem de mansinho, pois me assusto facilmente. Compre-me com um beijo ou uma caixa de bombons. Mas saiba brincar no meu jardim. Há rosas, e espinhos por todo lado que me compete.

Escrevo textos e não consigo terminar. Escrevo cartas e não tenho coragem de entregar. Sou constante e aflito. Tenho sempre um pouco de pressa e uma dose de preguiça. Sou complexo, não finjo ser. Queria ser monótono, mas sempre surpreendo-me a mim mesmo. Penso muito antes de falar,  falo com estranhos, falo errado, mas falo pouco, e mesmo sempre tenho muito a dizer... geralmente prefiro me calar.


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