quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pensamentos aflitos

        No que consiste uma traição? É um ato, ou uma atitude? Um deslize ou um costume? Uma parte, ou o todo? É um tapa na face ou um falso carinho? É o cotidiano ou um evento específico? É uma cena, ou a peça inteira? É só a esquina, ou todo o caminho?

        A relatividade da traição já é um dilema por si só. Trai-se pessoas, sentimentos, ideais. Não será mais vantajoso ter um amigo leal a ter um amigo fiel? A fidelidade precisa de somente uma oportunidade pra ser quebrada. A lealdade pode quebrar a fidelidade quantas vezes for preciso. Ela permanece a mesma. Intacta, inteira, plena.

        Não me venha com palavras amigas. Tenho desconhecidos suficientes para me acolherem por alguns minutos e me darem tapinhas nas costas. Quero o abraço que  abraça a alma. O carinho que faz dormir. A palavra que faz crescer (mesmo que faça uma ferida latente). Tudo bem, também sou latente... sou vertigem. Sou prazer oculto nas férreas grades do rubor da face que me enseja. Sou um todo em construção.

       Construção sempre em frente.. quebrando muros e construindo jardins. Hoje grito para que possas me ouvir, mas o muro entre nós, não fui eu que construí. Nem sei como foi parar aí. Mas tudo bem, quero nos meus jardins somente as flores que eu puder cuidar. Nada além disso. Flores sem espinhos... pois não usos luvas de proteção. Fui ferida algumas vezes e as cicatrizes hoje são uma doce canção que às vezes esqueço de ouvir para ganhar outras canções. 

       Quero somente o olhar verdadeiro, mesmo sem palavras. O embalo da canção e um ombro no qual eu possa repousar meus pensamentos às vezes insanos, às vezes aflitos. Não quero espinhos. Quero um ninho. Um espaço reservado para receber meu carinho. 




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