quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Veneno

        Quando percebi que já era alguém bem perto de ser eu, me vi sozinha. À beira do mar, acenando com um lenço de adeus. Esse barco que te leva, leva consigo o beijo, o abraço, a dor, a lágrima. Leva o desespero, o mar revolto, o céu nublado. Deixa o sossego, a brisa, o céu estrelado.
        Parece que levastes contigo todos os males que trouxestes também. Deixaste em meu peito um pouco de teu veneno, mas nada parecido ao que fora noutros tempos. Hoje, não me embriago mais de ti. Não bebo mais de tua dose diária. Não sofro mais com tuas derrotas e não cantarei mais suas vitórias como se fossem minhas. Hoje são todas banais.
        Sinceramente, espero que não voltes mais, e que deixe esse seu olhar que intimida, nos olhos de outras pessoas... em outros cais. Pois a saudade que fica morre um pouco...
... a cada aceno de despedida...
... a cada beijo...
... a cada olhar...
 ... a cada dose de veneno desses olhos tais.



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