sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Tudo do lado de lá...

        Me irrita perceber que me roubastes tudo. Desde meu espaço neste mundo até a música que pra fugir do mundo eu escuto. Levastes contigo meu sono, minha fome, e até meu livro de capa de veludo. À minha volta parece estar tudo nulo. Não há pessoas, não há casas ou boticas, não há ruas nem vielas. Não há nada por aqui. Somente eu e essa tua ausência quase palpável.
        As músicas que compõem a trilha da minha vida me trazem você à mente instintivamente. Roubastes até minha banda favorita. E não há ninguém disposto a me resgatar. Parece que levastes para teu lado e teu convívio meus amigos mais próximos e aqueles que nunca antes tivera a possibilidade de lhe apresentar. Acho que estão todos do lado de lá.


        E esse silêncio... a falta da tua voz parece me matar. Falo aos ventos, mas não podes me escutar. Meu sentimento é calado, é este tal sufocado. Deixei pra trás minhas músicas, minhas trilhas, e meu coração em algum lugar. Estou à procura do melhor de mim... e parece que ele partiu contigo também. Por isso cultivo esse espaço vazio, pra quando te encontrar, resgatar o meu melhor que roubastes, mas se for o caso, e quiseres ficar, terá espaço para que fiques também.
        Hoje me sinto imensamente só, mas de fato não creio precisar de muita companhia. Sua ausência já preenche os espaços vazios e até os espaços já preenchidos, vide o tamanho dessa agonia. Mas quando caminho pelas ruas, essas que roubastes também, percebo algo diferente... parece que as cores estão voltando ao normal. A rua volta a ser cinza e as folhas das árvores voltam a ser verdes. E sua ausência parece não mais ferir como outrora fora capaz. A pesar de dilacerar a alma nos dias em que não estás.

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