segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Prazer! Eu sou exatamente isso!

        Dia desses me vi sofrendo uma dor que não era minha. Contraí uma doença que não me pertencia. Era uma dor tão intensa, uma dor que parecia ser capaz de partir meu coração em dois, ou até em mais pedaços. 
        E isso começou sem eu nem perceber. Um belo dia eu acordei e me vi totalmente envolta nessas nuvens de sentimentos tão alucinantes. Me perdi dentro de mim, me encontrei e me perdi sem me encontrar outra vez por dias e dias. Quando me encontrei, já não era a mesma. Ou talvez eu não tenha me encontrado. Mas ao menos estou gostando do que tenho visto.
        De qualquer maneira, da mesma forma que essa patologia me arrebatou me deixando pelos cantos, ela se foi, sem se despedir e sem me perguntar se podia partir. Ela simplesmente foi. Ela surgiu não sei de onde, se alojou em mim não sei como, e doía não sei porque. Mas parou de doer. E meus suspiros de dor calaram-se.
        Foi aí que me senti como nunca outrora sentira-me. Senti um não-eu a me habitar. Alguém que eu não conhecia, que pensava por mim, falava por mim, agia por mim. Mas não sentia por mim. Simplesmente porque não sentia. Um ser frio e cálido. E ainda assim eu estava pelos cantos. 




        E eu não sabia se me doía mais o fato de estar curada, ou o pesar por estar curada. Me apeguei à essa doença e ela pareceu fazer parte de mim. Mas logo me veio a resposta certa. O que eu realmente temia era não estar livre dessa doença. Por que logo que me senti curada, uma dor voltou a me arrebatar, e me devolveu um ser que eu conhecia bem... era eu, de volta mais uma vez, com esses medos tais, essas caras tais, essas dores tais. Temia, não posso negar, mas mesmo assim fiquei feliz em ver que tão pouco mudei desde a última vez que me vi. Então, como já posso me reconhecer... Prazer! Eu sou exatamente isso que você vê!

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