Não era mais uma necessidade de ti. Era saudade mesmo.
Saudade do caminhar sem destino, do sorriso gratuito, da carícia singela. Era
saudade do todo. Até dos defeitos sentia saudade. Mas isso não lhe parecia
ruim. Essa saudade lhe parecia boa. Era quase bonita de sentir. Se ela fosse
uma flor, seria uma rosa branca sem espinhos algum. Se fosse um animal, poderia
encarnar um pássaro que, aprendendo a voar, cai do ninho. Mas era só saudade. E
se bastava por isso.
Não era dolorosa ou sofrida, mas trazia consigo uma lágrima
na palma da mão. Trazia um cansaço de fingir ser o que não se era. De se
parecer com o que nunca fora. Trazia um ofegar desiludido e resignado. Os olhos
não pareciam querer tentar mais, mas não estavam tristes. Estavam, talvez, somente
cansados.
Mas ela ainda está lá. Latente no peito. Um leque em chamas. Era melhor
amiga, companheira e seu grande drama. As lágrimas já não eram pela saudade,
mas pelo cansaço, pelo “que estou fazendo aqui” sem resposta pronta, mais pela
sensação de perda do que não se conhece do que a perda daquilo que se ama.
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